28 julho 2009

Ela estava só.
Todas aquelas pessoas ali encontravam-se num Universo alheio.
Ela acabara se sair do Hospital Psiquiátrico
Onde praticamente residia.
Naquela semana, ela se afogou no trabalho.
Trabalhava naquele ambiente louco
Buscando esquecer suas dores.
Saíra de lá para assistir a uma peca que ainda não começara.
Pensou em acender um cigarro
Para matar-lhe a fome e o tempo.
Estava essencialmente triste.
Pensava nele e no fim daquele conturbado relacionamento.
Ele não era nada do que sonhara
Mas projetou nele todos os seus sonhos.
Ela revirava a bolsa
E não achava o isqueiro
Sentia falta do pai dele
Jogou no chão todos os seus pertences
Como pedaços de si que já não eram.
Remexia a bolsa atrás do isqueiro
E remexia a alma em busca de algum vestígio dele.
Ele terminara tudo pela internet.
Ela amaldiçoava a tecnologia.
Um ponto final no asfalto
Sem um olhar que a compreenderia.
Onde estava aquele por qual se apaixonara?
Ela não sabia.
O que fizeram com ele?
Para onde o levaram?
Já não conseguia acreditar que o problema estava nela.
Embora no fundo, sempre soube que não daria certo.
Por que teimosa era?????
(...)
Ela estava só
Com todos aqueles pensamentos
Sentiu-se arrudeada de fantasmas num cimitério.
Continuava a esvaziar a bolsa enorme.
Não encontrava razão.
Acendeu o cigarro
E tragou aquele veneno como última refeição.
Não havia palavra dita
Não haviam soluções.
Mas ali estava o isqueiro.
Fumou o cigarro e sorriu.
E foi um sorriso cínico e cheio de esperanças.

Júlia Melo

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