14 agosto 2009


Apesar do cientificamente comprovado benefício físico,
Ela buscava o pilates para seu bem estar mental.
Era sua meditação diária
E o atalho que ela usava para chegar a si mesma.
Saiu de lá em direção a praia
Naquela trajetória sem destino que ela tão bem conhecia.
Tirou as sandálias.
Teve a sensação incrível de molhar os pés na água
Andou o que pareceu-lhe um longo caminho.
Quando enfim cansou-se, sentou na areia.
Refletia sobre seu último relacionamento
Talvez ela até acreditasse que o amor fosse capaz de mudar as pessoas.
Mas ele, definitivamente, não era o que ela pensava.
O mar estava incrivelmente azul.
E ela sentia falta não dele, mas do que ela acreditava que ele fosse.
Ela o criara.
Ela o fizera sob medida para suas necessidades.
Doce ilusão.
Ele nunca fora capaz de suprir suas carências.
Ele nem sequer quis tentar.
Simplesmente ele não só não era o que ela esperava, como quando ela o percebeu, achou que seria capaz de transformá-lo.
A manhã tinha sido chuvosa, mas o Sol amarelara todo o Céu á tarde, denunciando a primavera que se aproximava.
Ela tinha sua própria forma de ver o mundo.
Mas como de costume, se decepcionara.
Não só por ele não ser,
Mas também por ela nunca conseguir fazê-lo ser.
Um sofrimento só não bastava.
Pediu uma água de coco.
Ele nunca havia sido.
Não era.
E nunca chegaria a ser quem ela esperasse, precisasse ou quisesse.
Ela apenas o inventara.
Concentrou-se em olhar para frente
E parar de pressupor a cabeça dos outros
Não só o mundo dele era simplório
Como ela nunca conseguiria lhe abrir seu mundo de imagens.
Não se pode dar a ninguém nada além daquilo que já existe em si mesmo.
Sentiu a brisa gostosa tocar-lhe.
Alongou-se na areia.
Ou ela desistia dele, ou ia acabar desistindo de si mesma.
Concentrada nos seus pensamentos, mostrava toda sua elasticidade.
Embora aquele alongamento atraísse olhares críticos ou maldosos
Ela mal os percebia.
Aquilo a deixava ainda mais introspectiva.
Para ela, o tempo de ser feliz ainda não tinha começado.
Ela não possuía o que achava que tinha ou merecia,
Mas melhor que isso, ela tinha a si mesma.
Uma paz vagarosamente a envolveu.
Sentiu-se tranquila como a muito não conseguira.
Ela estava de volta.
Era ela livre.
E todo o Universo conspirava por ela



Júlia Melo

3 comentários:

Pri disse...

Adorei a composição foto + texto!
Linda!
Amo! =)
Bjossss

Bruno disse...

Linda de mais :D

Emmanuel disse...

caralhooo