19 dezembro 2008


Ela estava ali.
Sozinha.
Uma bebida.
Numa mesa.
Um a boa música.
Concentrava-se em não pensar nele.
Mas um turbilhão de pensamentos
Surgiam desobedientes.

Como não ter controle da própria mente?
Naquela multidão de nada
De tantos seres inanimados,
Larvas vulcânicas de pensamento lhe apareciam
Em letras de nanquim.

Tê-lo deixado para traz
Era o mais cruel dos alívios
O gosto mais ocre de sua boca.
Ela se afogava num vazio de possibilidades
Um mar vácuo de respostas

Pegou o bloquinho da bolsa
Deslizava a caneta acreditando que assim
Encontraria alguma explicação
Escrevia para não deixar a folha de papel em branco
E nem deixar passar em branco sua dor.
(...)
Eles haviam trocado carícias frias
Ela sentia falta do que não tivera
Nem sequer gostava dele
Mas criara nele seu complemento.
Agora que o perdera,
Sentia-se vazia.

Estava mais triste ainda por sentir falta de algo que nunca existira.
Ela estava sofrendo em vão.
Nunca houve amor.
Nunca houve sintonia.
Estava sofrendo apenas por perspectivas vazias
E por ser perda de tempo,
Machuca ainda mais.
Julia melo

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