19 dezembro 2008


O atraso parecia tê-la deixado mais ansiosa.
Perdera o ônibus.
Esperou o seguinte com a sensação de que a saudade explodiria-lhe o peito.
Longa estrada...
Ela sabia que neste exato momento ele estava na aula.
Costumava mentalizar o que ele deveria estar fazendo.
Era uma forma de se transportar para perto dele.
O ônibus parou na estrada.
Aquele sono leve e pertubado a deixava inquieta.
O ônibus frio e sem graça.
Ela e a expectativa de reencontrá-lo.
Olhava para o celular impacientemente.
Os minutos cogelavam e a foto dos dois sorria para ela como bom presságio.
Ela sorria consigo mesmo.
Fechava os olhos e sentia as mãos dele alisando-a a nuca.
Ah... aquele toque!
Tinha algo mágico quando ele a tocava.
Ela virava um pouco nuvem, um pouco lírio.
Aquelas mãos agudas formavam a melodia mais suave que ela já ouvira.
O cheiro dele a tocara e ela confundia os sentidos.
A rodoviária parecia inatingível.
Depois da infinita espera, finalmente eles se abraçariam novamente.
Ela não podia esperar.
Mal se continha.
Naqueles braços ela se desligava do mundo.
Estava triste.
Nada parecia dar certo.
Só pensava em receber dele o seu merecido consolo.
Só ele a entenderia...
(...)
O ônibus freou.
Ela ligou mais uma vez.
Ele não atende ao telefone.
Ela sentiu o corpo estremecer, o coração apertou-se.
Sabia que ele não iria ao seu encontro.
Não conseguiu chorar.
Ela deixara tanta coisa pra trás quando entrou naquele ônibus.
Ele estava cansado, alegou.
Ela se conhecia.
Sabia que era independente, cheia de vida
E como ninguém sabia se virar sozinha...
Apressou o passo e sumiu.
Ainda desejando a presença dele ali.

Júlia Melo

Nenhum comentário: