19 dezembro 2008

Ela sorriu encabulada.
Ainda estava um pouco trêmula.
Entregou na mão dele o celular onde tinha exposto todo aquele sentimento que arrebatava-lhe a alma.
Ele manteve-se sem expressão
.Ajeitou os óculus.
Aproximou os olhos que ela tanto admirava.
Ela corou.
Nunca fora tímida, mas sentia borboletas no estômago.
Milhões delas.
Subiam pela garganta e se chocavam com sua face como um grande vidro.
Essa sensação deixava-a corada.
Ela sorriu, mentalizando mais uma vez o que tinha escrito:
"Eu adoro mais."
Ele mateve-se inerte.
Olhou para ela, achando-a frágil e tola.
Guiou o indicador até a tecla delete.
Ela sentiu todoas aquelas borboletas perderem as asas.
Eram lagartas em seu estômago.
Lhe davam náuseas.
Sentiu o peito pequeno e perdeu parte da estima que tinha por si mesmo.
- Nao acredito que esá fazendo isso... - balbucicou
A fala saiu mais mansa do que ela pretendia.
Também... todas aquelas lagartas na sua garganta roiam suas cordas vocais.
Doía.
Ele olhou-a friamente.
Não entendia nada sobre sentimentos.
Nem sequer fingiu ser condolente com a dor dela.
Ele: - Você fala demais.
Ela: - Desculpa...
(não perdera a velha mania de desculpar-se por tudo)
Caiam ali os inesperados pingos da primavera.
Ele achou o tempo feio.
Ela sabia que os céus choravam por ela.
Ele nunca mais a ouviria dizendo aquilo.
Nunca.
(...)

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